sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Mito da Caverna de Platão

Todos os dias, ao acordar, sou sou saudada por três pequenos seres que, dizem, são irracionais. Eles me olham nos olhos, me sinalizam o que querem, brincam comigo, me cheiram, correm pela casa, enchem o dia de luz. São meus companheiros durante todo o tempo que estou em casa. Conheço cada uma das "palavras irracionais" que dizem. Sim, eles dizem. Conversam comigo e com qualquer outra pessoa. Basta ter sensibilidade para ouví-los e entendê-los. Suas atitudes (puro instinto?) me surpreendem todos os dias. Outro dia fechei a porta do quarto, deixando um deles para fora. Ele começou a miar, bater (isto mesmo!) na porta e, como nada disto surtiu o efeito que queria - que a porta fosse aberta - começou a colocar seus brinquedinhos (é, o ser irracional, que age por instinto, tem brinquedinhos) por debaixo da porta. Um canudinho de refrigerante mastigado,  um cotonete meio destruído, um papel de bala. Eu, vendo aquilo, comecei a rir e, claro, abri a porta para ele que, imediatamente veio até mim, me cheirou e se aconchegou em meus pés. Tudo por instinto, Claro! 
Então me lembrei de uma história essencial para se pensar A vida. Filosofia...





O Mito da Caverna de Platão
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.

Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade. Libertado e conhecedor do mundo, o priosioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.
Extraído do livro "Convite à Filosofia" de Marilena Chaui. 

   

Platão ja tinha a teoria do homem das cavernas ,,,,, quem vira para a Luz sai da caverna ,,,, para poucos ,,,

Um comentário:

Paula disse...

Texto tão antigo e tão atual!!! Talvez para a humanidade seja mais fácil viver acorrentado no comodismo do que conhecer outra realidade que nos faz pensar.

Bju

Postar um comentário