quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Almas sem rumo

Estava fazendo muuuito calor. Saí da casa dos meus pais, louca para chegar em casa. Mal cheguei à esquina, me deparei com uma cena grotesca. Seguindo pela rua, vinham uns 20 a 30 meninos de uma escola pública, em bando, gritando, fazendo bagunça. Foi quando percebi que eles corriam atrás de um pequeno e desesperado esquilo que tentava se esconder sob os carros estacionados. Parei o carro no meio da rua, não havia como estacionar, fiquei louca. Um caminhão veio descendo a rua, também parou, fechando o trânsito, mas ali não dava pra ficar e ele logo se foi. Foi aí que um daqueles meninos conseguiu pegar o esquilo e, sem dar tempo para nada, lançou-o debaixo das rodas de um carro que nem sequer parou. Tudo isto se deu em menos de um minuto, mas pareceu uma eternidade. Eu, impotente contra um bando de seres inexplicavelmente frios. Sem alma. Imaginei o desespero do bichinho, que forçado a deixar seu habitat, ocupado por nós, seres humanos, vinha tentando sobreviver entre carros e construções, à mercê do mais temido predador do planeta Terra: nós. Fui embora cheia de raiva, desejando coisas impensáveis contra aquela turba delinqüente. Me igualei a eles, entrei em seu campo vibracional. Eles não eram bandidos, eram... crianças! Isto é assustador. Este é o mundo em que vivemos. Por que tem que ser assim?

“Eu temo pela minha espécie quando penso que Deus é justo”

(Thomas Jefferson)


segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Susto!

Não foi o primeiro. Nem o segundo. também não será o último, eu sei... A gente tende a se acostumar. Já nem fica tão assustada ou insegura. E isto é estranho. Muito. Passa a fazer parte da nossa vida, como se fosse normal. Mas não é! E isto nos expõe à verdade. Nos lembra que o tempo passa independente da nossa vontade. À tão pouco tempo eu era criança... Subia nos muros, nas árvores, brincava de "casinha", de pular elástico, amarelinha... Tinha medo do escuro e fazia minha mãe dormir ao meu lado, mal acomodada, segurando na minha mão. Aliás, tinha medo de morrer durante a noite e nunca mais poder ver papai e mamãe. Queria dormir olhando seus rostos, segurando suas mãos. E bastava pedir, para que viessem me acudir. Proteção e segurança absolutas. Depois foi a minha vez de dormir mal acomodada, segurando pequenas mãozinhas assustadas com as sombras da noite. Trocando lençóis molhados às quatro da manhã, contando histórias, cantando músicas de ninar, trazendo "surpresinhas" da rua, para olhinhos ávidos de novidades e carinho. Mas, assim como eu, eles também cresceram. Já não me esperam vestidos de super-heróis, não espalham dezenas de carrinhos ou bichinhos de plástico pelo chão. Não assistem "MULAN" repetidas vezes durante as férias, até que saibam as falas dos personagens ("a gente vai morrer!!!".........). É... Falta muito pouco tempo para que se lancem ao mundo sem a minha supervisão. E só agora eu sei o quão doloroso para os pais é a finalização desta etapa da vida. Na verdade é agora, somente agora, que nos damos conta de que não somos mais crianças, nem adolescentes, pois a infância dos nossos filhos nos mantém na ilusão de que também nós, somos crianças. E agora, tomo posse da minha idade adulta e, com ela, novos temores, antes distantes. Não quero mais me assustar, pai!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

RESGATE



Hoje eu estava olhando fotos antigas e me deparei com uma foto antiga minha, em plena adolescência.
Foi quando me dei conta de que, apesar de tantos anos terem se passado, alguns quilos a mais, algumas rugas, por dentro continuamos sempre com 18 anos.
Aquela ingenuidade adolescente pode não mais existir. Muitos dos sonhos podem ter sido sufocados pela vida adulta, mas, no coração e, sobretudo, na alma, continuamos sempre com 08, 12, 15 ou 18 anos. Os melhores anos! Aqueles quando nossa responsabilidade se limitava às boas notas no colégio e, às vezes, ao quarto arrumado... Éramos livres, e sabíamos bem usar esta liberdade.
Hoje, são nossos filhos que passam por essas experiências e nós, cheios de medo, que só a idade adulta sabe expressar, tememos por eles, nos preocupamos, muitas vezes sem motivo, como se nunca tivéssemos sido adolescentes! E é justamente desta liberdade que precisamos. É dessa "irresponsabilidade" ingênua que sentimos falta.
Sejamos para sempre crianças, para sempre adolescentes, para sempre livres! Que este próximo ano nos rejuvenesça, ou melhor, que consigamos acender a luz dentro de nós e deixemos nossas almas livres para viver e voar... Que, ao fechar os olhos, a imagem que vejamos de nós seja aquela: aos 08, 12, 15 ou, no máximo 18 anos.
Que todos os Natais sejam felizes e que todos os anos sejam deliciosamente infantis!!!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Máquina Faminta


São três e quinze da tarde. A fila do caixa eletrônico está enorme. São apenas dois caixas funcionando, portanto acho melhor relaxar. Preciso fazer uma retirada e não tenho outra opção neste momento. Fico distraída, a cabeça a mil. A fila anda. Agora só restam duas pessoas na minha frente. Começo a ficar ansiosa, afinal já passam de três e trinta. É quando a máquina da esquerda resolve travar. Segura o cartão do cliente e trava. Simplesmente pára. Vem o segurança, olha, nada a se fazer. É preciso chamar alguém que entenda da máquina, para ajudá-lo. Só resta paciência... Enquanto isso, a máquina da direita vai ajudando uma senhora meio devagar, munida de uma enorme bolsa de couro, a pagar suas intermináveis contas. E a fila espera. De repente, a senhora da bolsa se vira para trás e diz: “Alguém viu se caiu um papel meu, no chão? Eu estava com ele na mão e, de repente, desapareceu.” Diante da negativa de todos, ela diz: “Acho que a máquina engoliu minha boleta!” Espanto geral. Como assim, engoliu? Não está dentro da bolsa? “Não! Eu estava com ela na mão e, de repente, sumiu! Brotaram palpites: Deve ter ficado no carro. Caiu na rua. Esqueceu em casa. Está na bolsa sim, olhe melhor! A cada palpite, a senhora retrucava: “Estava aqui comigo! Não sou doida não! Estava na minha mão. A máquina só pode ter engolido! “ De nada adiantou o segurança dizer que isto seria impossível. Ela, irredutível, não arredou pé da máquina. E a fila só crescendo. Duas pessoas na minha frente, quinze atrás de mim e as duas máquinas interditadas. Eu mereço. Pensei. Uma moça lá do fim da fila resolve palpitar: Olha, essa bolsa é muito grande. A senhora mal olhou dentro dela. Despeje tudo ali no balcão e vai ver que a tal boleta está aí. “O que é isto, minha filha! Já disse que a máquina engoliu!” Chamaram alguém pra ajudar. Veio uma funcionária que logo disse ser im-pos-sí-vel a máquina ter engolido a boleta, mas se prontificou em ir atrás, conferir o impossível. E a fila ali, com todos atônitos com a cena bizarra. Não podemos usar a máquina? No que a Senhora, já um pouco exaltada diz: “Claro que não! Preciso desta boleta!” A funcionária volta dizendo que a boleta não estava lá e a máquina deveria ser liberada para a fila andar. Aí veio a cereja do bolo! A senhora, exaltadíssima diz em alto e bom tom para toda a fila, dezoito pessoas tentando entender o porque da demora em liberar a máquina: “Ninguém usa este terminal, ou eu vou chamar a polícia! Será que vocês não entendem que a máquina engoliu minha boleta?” Aí veio o gerente, o segurança, mais um funcionário e levaram a senhora para dentro do banco. A máquina, monstro devorador de boletas bancárias, foi liberada. A fila andou. Fiz minha retirada, são quatro da tarde. Até agora não sei o que houve com a senhora, sua bolsa e boleta. Talvez tenham sido engolidas por um terminal maior, dentro da agência...
Todos nós temos sonhos.
Alguns, grandiosos, outros muito simples. Sonhos que nos fazem acreditar que a vida vale a pena, que nos ajudam a trilhar nossos caminhos, com todos os obstáculos que possam vir a surgir.
Os sonhos nos ajudam a construir o nosso futuro, o futuro de todos nós.
Nunca confunda sonhos com romantismo. Sonhos são as sementes da realidade. São o início, o princípio, o básico. Até o mais cético dos seres humanos necessita de um projeto para suas realizações. E este projeto, nada mais é que um sonho, pois todo projeto racional, um dia foi apenas uma idéia, um sonho.
Para realizar, temos que sonhar!

SONHOS


Sonhar é olhar o futuro com esperança, é planejar o amanhã, o hoje e o agora. É viver construindo castelos, pedra sobre pedra, ainda que imaginárias... para sempre.

Sonhar é sentir a brisa do próximo verão, o perfume das flores da primavera, mesmo estando no inverno.

Sonhar é plantar a macieira, ainda que seja seu último dia, e imaginar-se a colher seus frutos e saboreá-los, doces... quem poderá saber?

Sonhar é transpor o céu para a Terra, é encher o amanhã de cores, é acreditar.