segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Máquina Faminta


São três e quinze da tarde. A fila do caixa eletrônico está enorme. São apenas dois caixas funcionando, portanto acho melhor relaxar. Preciso fazer uma retirada e não tenho outra opção neste momento. Fico distraída, a cabeça a mil. A fila anda. Agora só restam duas pessoas na minha frente. Começo a ficar ansiosa, afinal já passam de três e trinta. É quando a máquina da esquerda resolve travar. Segura o cartão do cliente e trava. Simplesmente pára. Vem o segurança, olha, nada a se fazer. É preciso chamar alguém que entenda da máquina, para ajudá-lo. Só resta paciência... Enquanto isso, a máquina da direita vai ajudando uma senhora meio devagar, munida de uma enorme bolsa de couro, a pagar suas intermináveis contas. E a fila espera. De repente, a senhora da bolsa se vira para trás e diz: “Alguém viu se caiu um papel meu, no chão? Eu estava com ele na mão e, de repente, desapareceu.” Diante da negativa de todos, ela diz: “Acho que a máquina engoliu minha boleta!” Espanto geral. Como assim, engoliu? Não está dentro da bolsa? “Não! Eu estava com ela na mão e, de repente, sumiu! Brotaram palpites: Deve ter ficado no carro. Caiu na rua. Esqueceu em casa. Está na bolsa sim, olhe melhor! A cada palpite, a senhora retrucava: “Estava aqui comigo! Não sou doida não! Estava na minha mão. A máquina só pode ter engolido! “ De nada adiantou o segurança dizer que isto seria impossível. Ela, irredutível, não arredou pé da máquina. E a fila só crescendo. Duas pessoas na minha frente, quinze atrás de mim e as duas máquinas interditadas. Eu mereço. Pensei. Uma moça lá do fim da fila resolve palpitar: Olha, essa bolsa é muito grande. A senhora mal olhou dentro dela. Despeje tudo ali no balcão e vai ver que a tal boleta está aí. “O que é isto, minha filha! Já disse que a máquina engoliu!” Chamaram alguém pra ajudar. Veio uma funcionária que logo disse ser im-pos-sí-vel a máquina ter engolido a boleta, mas se prontificou em ir atrás, conferir o impossível. E a fila ali, com todos atônitos com a cena bizarra. Não podemos usar a máquina? No que a Senhora, já um pouco exaltada diz: “Claro que não! Preciso desta boleta!” A funcionária volta dizendo que a boleta não estava lá e a máquina deveria ser liberada para a fila andar. Aí veio a cereja do bolo! A senhora, exaltadíssima diz em alto e bom tom para toda a fila, dezoito pessoas tentando entender o porque da demora em liberar a máquina: “Ninguém usa este terminal, ou eu vou chamar a polícia! Será que vocês não entendem que a máquina engoliu minha boleta?” Aí veio o gerente, o segurança, mais um funcionário e levaram a senhora para dentro do banco. A máquina, monstro devorador de boletas bancárias, foi liberada. A fila andou. Fiz minha retirada, são quatro da tarde. Até agora não sei o que houve com a senhora, sua bolsa e boleta. Talvez tenham sido engolidas por um terminal maior, dentro da agência...

Um comentário:

Unknown disse...

oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... Coitada da máquina faminta. Podia até vomitar em voces se tivesse comido o boleto!!! kkkkkkkkkkkk ,Eliana

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