quarta-feira, 31 de março de 2010



Recebi este texto, com algumas modificações e me identifiquei de imediato, com ele.
É um texto tocante e quis compartilhá-lo.
Foi atribuído à Cecílio Elias Netto -escritor e jornalista-(adaptado para a minha vida).

Ainda adolescente, lá se foi ele embora,
querendo estudar no Exterior.
Vi-o embarcar, a alma sangrando-me de saudade,
a voz profética de Kalil Gibran em sussurros de consolo:
Vossos filhos não são vossos filhos,
são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Eles vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Vós sois os arcos dos quais
vossos filhos são arremessados como flechas vivas.'
Foi o que vivi, quando o avião decolou, minha criança a bordo.
A certeza da separação foi dilacerante.
Meu filho fôra buscar a Lua que eu não lhe dera.
E eu precisava conviver com a coerência do que transmitira a ele:
'O lar não é o lugar de se ficar, mas para onde voltar.'
Que os filhos sejam preparados para irem-se,
com a certeza de ter para onde voltar quando o cansaço,
a derrota ou o desânimo inevitáveis lhes machucarem a alma.
Ao ver o avião,
levando-me o filho querido,
o salgado das lágrimas se transformou em doçura
de conforto com Kalil Gibran:
Como mãe, não dando o mundo nem Lua aos filhos,
me senti arqueira e arco,
arremessando a flecha viva em direção ao mistério.

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